*Sejam*Bem-Vindos* A Morada Suprema do Amor a Deus *

Fevereiro 28 2013

O modo da bondade condiciona o homem à felicidade; o da paixão o condiciona à ação fruitiva; e o da ignorância, cobrindo seu conhecimento, o ata à loucura.

 Quem está no modo da bondade se satisfaz com seu trabalho ou com sua atividade intelectual, assim como um filósofo, cientista ou educador podem se ocupar num determinado campo de conhecimento e ficar satisfeitos com isso. Um homem no modo da paixão pode estar ocupado em atividade fruitiva, possui tanto quanto pode, e gasta em prol de boas causas. Às vezes, ele tenta abrir hospitais, fazer doações para instituições de caridade, etc. Estes sinais são de alguém no modo da paixão. E o modo da ignorância cobre o conhecimento. No modo da ignorância, nada que alguém faça é bom para si mesmo nem para ninguém.

Às vezes, o modo da bondade se torna preeminente, derrotando os modos da paixão e da ignorância. Às vezes, o modo da paixão sobrepuja a bondade e a ignorância, e outras vezes a ignorância derrota a bondade e a paixão. Dessa maneira, há sempre competição pela supremacia.

Quando o modo da paixão é preeminente, os modos da bondade e da ignorância são sobrepujados. Quando o modo da bondade é preeminente, a paixão e a ignorância são derrotadas. E quando o modo da ignorância é preeminente, a paixão e a bondade são derrotadas. Esta competição não pára. Portanto, alguém que de fato pretenda avançar em consciência de Krishna tem de transcender estes três modos. A preeminência de determinado modo da natureza manifesta-se no comportamento da pessoa, em suas actividades, em sua alimentação, etc. Tudo isto será explicado em capítulos posteriores. Mas se quiser, ela poderá, pela prática, desenvolver o modo da bondade e assim derrotar os modos da ignorância e da paixão. Ela pode também desenvolver o modo da paixão e derrotar a bondade e a ignorância. Ou pode desenvolver o modo da ignorância e derrotar a bondade e a paixão. Embora existam estes três modos da natureza material, se o homem for determinado, poderá ser abençoado com o modo da bondade, e, transcendendo o modo da bondade, poderá situar-se em bondade pura, um estado de pureza em que se pode compreender a ciência de Deus. Pela manifestação de actividades específicas, pode-se compreender em que modo da natureza alguém está situado.

As manifestações do modo da bondade podem ser experimentadas quando todos os portões do corpo são iluminados pelo conhecimento.

Há nove portões no corpo: dois olhos, dois ouvidos, duas narinas, a boca, os órgãos genitais e o ânus. Quando cada portão é iluminado pelos sintomas da bondade, deve-se compreender que se desenvolveu o modo da bondade. No modo da bondade, pode-se ter uma visão correta, pode-se ouvir corretamente e podem-se saborear as substâncias correras. A pessoa fica limpa interna e externamente. Em cada portão, há o desenvolvimento dos sintomas da felicidade, e esta é a posição da bondade.

Quando há um aumento do modo da paixão, desenvolvem-se sintomas de grande apego, actividade fruitiva, esforço intenso e desejo e anseio incontroláveis.

Quem está no modo da paixão nunca se satisfaz com a posição já adquirida; sempre deseja melhorar sua posição. Se quer construir uma casa para morar, ele faz o melhor que pode para ter um palácio, como se fosse residir nessa casa eternamente. E desenvolve um grande anseio pelo prazer dos sentidos. O gozo dos sentidos não tem fim. Ele quer sempre ficar em sua casa, e com sua família continuar no processo de desfrutar dos sentidos. Isto nunca termina. Deve-se entender que todos esses sintomas são típicos do modo da paixão.

Quando predomina o modo da ignorância, manifestam-se escuridão, inércia, loucura e ilusão.

Quando não há iluminação, o conhecimento está ausente. Quem está no modo da ignorância não trabalha segundo os princípios reguladores; ele quer agir por capricho, sem propósito algum. Embora tenha capacidade para trabalhar, ele não se esforça. Isto se chama ilusão. Embora continue mantendo sua consciência, sua vida é inativa. Estes são os sintomas de alguém que está no modo da ignorância.

Quando alguém morre no modo da bondade, ele atinge os planetas superiores puros, onde residem os grandes sábios.

Quando alguém morre no modo da paixão, ele nasce entre os que se ocupam em actividades fruitivas; e quando morre no modo da ignorância, nasce no reino animal.

Algumas pessoas têm a convicção de que, ao atingir a forma de vida humana, a alma jamais volta a cair. Isto é incorreto. Segundo o conhecimento védico, e alguém desenvolve o modo da ignorância, após sua morte ele se degrada a uma forma de vida animal. Desse ponto ele tem que se elevar novamente, através de um processo evolutivo, para mais uma vez chegar à forma de vida humana. Portanto, aqueles que de fato levam a vida humana a sério devem adotar o modo da bondade e cultivar boa associação para transcender os modos materiais e situar-se em consciência de Krishna. Este é o objectivo da vida humana. Caso contrário, não há garantia alguma de que o ser humano volte a alcançar a posição humana.

O resultado da ação piedosa é puro e se diz que está no modo da bondade. Mas a ação feita no modo da paixão resulta em miséria, e a ação executada no modo da ignorância resulta em tolice.

O resultado de actividades piedosas executadas no modo da bondade é puro. Portanto, os sábios, livres de toda a ilusão, estão situados em felicidade. Mas as actividades no modo da paixão são deveras miseráveis. Qualquer actividade que visa à obtenção de felicidade material acaba sendo um fracasso. Se, por exemplo, alguém quer ter um arranha-céu, quanta miséria humana não ocorrerá para que se possa construí-lo? O financiador tem de se submeter a muitos problemas para ganhar uma vultosa soma em dinheiro. E aqueles que trabalham como escravos para construir o edifício têm de se submeter a muito esforço físico. Isso é muita miséria. Logo, o Bhagavad-Gita diz que em qualquer atividade executada sob o encanto do modo da paixão há definitivamente grande miséria. Pode parecer que haja um pouco de felicidade mental — “Tenho esta casa ou este dinheiro” — mas esta não é a verdadeira felicidade.

Quanto ao modo da ignorância, o executor não tem conhecimento, e por isso todas as suas atividades atuais resultam em miséria, e depois ele prosseguirá em direção à vida animal. A vida animal é sempre miserável, embora, sob o encanto da energia ilusória, os animais não compreendam isso. O abate de animais indefesos também se deve ao modo da ignorância. Os matadores de animais não sabem que no futuro o animal terá um corpo adequado para matá-los. Esta é a lei da natureza. Na sociedade humana, se alguém mata um homem ele deve ser enforcado. Esta é a lei do Estado. Devido à ignorância, as pessoas não percebem que existe um Estado perfeito, completamente controlado pelo Senhor Supremo. Cada ser vivo é filho do Senhor Supremo, e Ele não tolera que se mate nem mesmo uma formiga. Deve-se pagar por isso. Logo, entregar-se à matança de animais só para satisfazer a língua é a espécie mais grosseira de ignorância. O ser humano não tem necessidade de matar animais, porque Deus forneceu-lhe tantas coisas boas. Se, apesar disso, ele insiste em comer carne, deve-se entender que está agindo em ignorância e está tornando seu futuro muito tenebroso. De todas as espécies de matança de animais, a matança de vacas é muito nefasta porque a vaca nos dá todas as espécies de prazer, fornecendo o leite. Abater vacas é cometer um dos mais grosseiros atos de ignorância. Na literatura védica indica que quem deseja matar a vaca, apesar de estar plenamente satisfeito com o leite, encontra-se na mais grosseira ignorância.

Também há uma oração na literatura védica que diz:

“Meu Senhor, Você é o bem-querente das vacas e dos grandes sábios que vivem glorificando Seu nome, e é o bem-querente de toda a sociedade humana e do mundo.”

 Os grandes sábios são o símbolo da educação espiritual, e as vacas são o símbolo do alimento mais valioso; estas duas criaturas vivas, os sábios e as vacas, devem receber toda a protecção — este é o verdadeiro progresso da civilização. Na sociedade humana moderna, negligencia-se o conhecimento espiritual e estimula-se a matança de vacas. Deve-se compreender, então, que a sociedade humana avança na direcção errada e prepara o caminho de sua própria condenação. Uma civilização que induz os cidadãos a se tornarem animais em suas próximas vidas com certeza não é uma civilização humana. É óbvio que a actual civilização humana está grosseiramente influenciada pelos modos da paixão e da ignorância. Esta é uma era muito perigosa, e todas as nações devem preocupar-se em prover o processo mais fácil, a consciência de Krishna, para salvar a humanidade do maior dos perigos.

Do modo da bondade, desenvolve-se o verdadeiro conhecimento; do modo da paixão, desenvolve-se a cobiça; e do modo da ignorância, desenvolvem-se a tolice, a loucura e a ilusão.

Como a civilização atual não tem muita simpatia pelas entidades vivas, recomenda-se o processo de consciência de Krishna. Através da consciência de Krishna, a sociedade desenvolverá o modo da bondade. Quando se desenvolver o modo da bondade, as pessoas verão as coisas em sua verdadeira perspectiva. No modo da ignorância, elas são exatamente como animais e não podem ver com clareza. No modo da ignorância, por exemplo, elas não vêem que, matando um animal, estão assumindo o risco de serem mortas pelo mesmo animal na vida seguinte. Porque não se educam com o verdadeiro conhecimento, as pessoas se tornam irresponsáveis. Para acabar com esta irresponsabilidade, deve haver educação para que se desenvolva o modo da bondade nas pessoas em geral. Quando estiverem realmente educadas no modo da bondade, elas se tornarão sóbrias, e terão pleno e autêntico conhecimento das coisas. Então, serão felizes e prósperas. Mesmo que a maioria das pessoas não seja feliz e próspera, se uma determinada porcentagem da população desenvolver a consciência de Krishna e se situar no modo da bondade, então será possível que o mundo inteiro obtenha paz e prosperidade. Caso contrário, se o mundo se dedicar aos modos da paixão e ignorância, não poderá haver paz nem prosperidade. No modo da paixão, as pessoas se tornam cobiçosas, e seu desejo de satisfazer os sentidos não tem limites. Nesse caso, pode-se ver que mesmo que se tenha bastante dinheiro e condições favoráveis ao prazer dos sentidos, não há felicidade nem paz de espírito. Isto não é possível, porque se está no modo da paixão. Se alguém realmente quiser a felicidade, seu dinheiro não o ajudará; ele tem que se elevar ao modo da bondade, praticando a consciência de Krishna. Quando está ocupado no modo da paixão, ele não só é mentalmente infeliz, mas também sua profissão e ocupação são muito penosas. Ele tem de traçar muitos planos e projectos para conseguir bastante dinheiro a fim de manter seu status quo. Tudo isto é miserável. No modo da ignorância, as pessoas ficam loucas. Estando aflitas com o ambiente em que vivem, elas se refugiam nas drogas, e com isso se afundam mais e mais na ignorância. Sua vida tem um futuro muito tenebroso.

Aqueles situados no modo da bondade gradualmente elevam-se aos planetas superiores; aqueles no modo da paixão vivem nos planetas terrestres; e aqueles no abominável modo da ignorância descem para os mundos infernais.

Até aqui foram apresentados mais explicitamente os resultados das acções nos três modos da natureza. Existe um sistema planetário superior, que consiste nos planetas celestiais, onde todos são altamente elevados. Segundo o seu grau de desenvolvimento no modo da bondade, a entidade viva pode ser transferida para vários planetas deste sistema. 

O modo da paixão é misto. Ele é intermediário, entre os modos da bondade e da ignorância. O homem não está sempre puro. Porém, mesmo que estivesse exclusivamente no modo da paixão, ele apenas permaneceria nesta Terra como rei ou homem rico. Mas porque há misturas, ele também pode descer. Nesta Terra, as pessoas no modo da paixão ou da ignorância não podem valer-se de máquinas para aproximarem-se à força dos planetas superiores. No modo da paixão, há também a possibilidade de se tornar louco na próxima vida.

Aqui se descreve como abominável a qualidade mais baixa, o modo da ignorância. O resultado de desenvolver a ignorância é muitíssimo arriscado. É a qualidade mais baixa na natureza material. Abaixo do nível humano existem oito milhões de espécies de vida — aves, animais ferozes, répteis, árvores, etc. — e, segundo o seu envolvimento com o modo da ignorância, as pessoas são arrastadas para estas condições abomináveis. Há a oportunidade de os homens no modo da ignorância e paixão elevarem-se ao modo da bondade, e este sistema chama-se consciência de Krishna. Mas quem não tirar proveito desta oportunidade com certeza continuará nos modos inferiores.

E compreendendo que possuímos o bem maior da vida como seres humanos, devemos por obrigação e imensa gratidão, direccionar todos os esforços em adquirir o conhecimento máximo da Espiritualidade e assim inserir em nossas vidas estes ensinamentos dados pela Suprema Personalidade de Deus Krishna e manter sempre acesa a inteligência quando se vê correctamente que em todas as actividades o único agente que está em ação são estes modos da natureza e quando se conhece o Senhor Supremo, que é transcendental a todos esses modos, alcança-se com toda a certeza a natureza Espiritual.

Podemos transcender todas as actividades dos modos da natureza material só por obter a devida compreensão transmitida pelas almas qualificadas. O verdadeiro mestre espiritual é Krshna, e Ele está dando este conhecimento espiritual. De modo semelhante, é com aqueles que estão em plena consciência de Krishna que se deve aprender esta ciência das actividades relacionadas com os modos da natureza. Senão, nossa vida seguirá um rumo errado. Através da instrução transmitida pelo mestre espiritual genuíno, o ser vivo pode conhecer sua posição espiritual, seu corpo material, seus sentidos, seu aprisionamento e sua posição sob o encanto dos modos da natureza material. Nas garras destes modos ele fica desamparado, mas quando consegue ver sua verdadeira posição, ele então pode alcançar a plataforma transcendental, pois tem como objectivo a vida espiritual. De fato, este ser vivo não é o autor das diferentes actividades. Ele é forçado a agir porque está situado numa determinada espécie de corpo, conduzido por algum modo específico da natureza material. Enquanto não receber a ajuda de uma autoridade espiritual, ele não poderá compreender em que posição está situado de fato. Com a associação de um mestre espiritual genuíno, ele pode ver sua verdadeira posição, e com essa compreensão pode se fixar em plena consciência de Krishna. Um homem em consciência de Krishna não se deixa controlar pelo encanto dos modos da natureza material. Já se declarou que alguém que se tenha rendido a Krishna se livra das actividades da natureza material. Para quem é capaz de ver tudo no seu devido lugar, a influência da natureza material cessa gradualmente.



publicado por Lalanesha Dasa às 21:40

Fevereiro 25 2013

De acordo com o sistema áyur-védico, (escritura védica sobre medicina) sabe-se que há um fogo no estômago que digere todo o alimento enviado para lá. Quando o fogo não está queimando não há fome, e quando o fogo entra em acção sentimos fome. Às vezes, quando o fogo não funciona bem, é preciso um tratamento. Em todo o caso, este fogo é um representante da Suprema Personalidade de Deus. Os mantras védicos também confirmam que o Senhor Supremo está situado sob a forma de fogo dentro do estômago e digere todos os tipos de alimento. Portanto, a entidade viva não é independente em seu processo digestivo, pois o Senhor ajuda a digestão de todos os tipos de alimento. A não ser que o Senhor Supremo a ajude a digerir, não há possibilidade de ela comer. Ele então produz e digere o alimento, e por Sua graça estamos desfrutando a vida. O Senhor está situado no som e dentro do corpo, dentro do ar e até mesmo dentro do estômago como a força digestiva. Há quatro tipos de alimentos — alguns são sorvidos, outros são mastigados, alguns são lambidos e outros são chupados — e o Senhor é a força que digere todos eles.

Krishna confirma dizendo:

"Estou situado nos corações de todos, e é de Mim que vêm a lembrança, o conhecimento e o esquecimento. Através de todos os Vedas, é a Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o único compilador de todas as escrituras Sagradas e sou unicamente aquele que conhece verdadeiramente os Vedas."

O Senhor Supremo situa-Se nos corações de todos, e é Ele que dá início a todas as actividades. A entidade viva esquece tudo o que aconteceu em sua vida anterior, mas ela tem que agir segundo a orientação do Senhor Supremo, que testemunha todo o seu trabalho. Por isso, ela começa a trabalhar de acordo com suas acções passadas. O conhecimento necessário lhe é suprido, e também a lembrança, e ela se esquece de sua vida passada. Logo, o Senhor não é apenas oni-penetrante; Ele também está localizado em cada coração individual. Ele concede os diferentes resultados fruitivos.  Os Vedas nos dão a direção correta para que possamos organizar nossas vidas e voltar ao lar, de volta ao Supremo. Os Vedas ensinam a respeito de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. O Senhor Supremo é tão completo que, para ajudar a alma condicionada a salvar-se, Ele fornece e digere o alimento, testemunha sua actividade e dá o conhecimento sob a forma dos Vedas e sendo a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, Ele ensina o Bhagavad-Gita. Ele é digno de ser adorado pela alma condicionada. Assim, Deus é muito bom; Deus é muito misericordioso.

Tão logo abandona o seu corpo actual, o ser vivo esquece o que passou, mas volta a começar seu trabalho, impelido pelo Senhor Supremo. Embora ele esqueça, o Senhor lhe dá a inteligência para retomar seu trabalho a partir do ponto onde ele o deixara em sua última vida. Assim, a entidade viva não só goza ou sofre neste mundo conforme o que lhe é imposto pelo Senhor Supremo situado localmente no coração, mas também recebe dEle a oportunidade de compreender os Vedas. Se alguém leva a sério a compreensão do conhecimento védico, então Krishna lhe dá a inteligência necessária. Por que Ele quer que o conhecimento védico seja compreendido? Porque a entidade viva individual precisa compreender Krishna. Portanto, o propósito dos Vedas é compreender Krishna. Os Vedas nos orientam como entender Krishna, e nos dão o processo através do qual podemos compreendê-lO. A meta última é a Suprema Personalidade de Deus.

Pode-se atingir a perfeição em três etapas. Compreendendo a literatura védica, podemos entender nossa relação com a Suprema Personalidade de Deus; executando os diferentes processos, podemos aproximar-nos dEle, e no final podemos alcançar a meta suprema, que é a própria Suprema Personalidade de Deus.


publicado por Lalanesha Dasa às 13:31

Fevereiro 23 2013

Tudo o que existe, seja móvel ou imóvel, é apenas uma combinação do campo de atividades e do conhecedor do campo.

Aqui Krishna a Suprema Personalidade de Deus explica que tanto a natureza material quanto a entidade viva, já existiam antes da criação do cosmos. Tudo o que é criado é uma mera combinação da entidade viva com a natureza material. Há muitas manifestações, tais como as árvores, as montanhas e as colinas, que não são móveis, e há muitas existências que são móveis, e todas elas não passam de combinações da natureza material com a natureza superior, a entidade viva. Sem o contato da natureza superior, que é a entidade viva, nada pode crescer. A relação entre a natureza material e a natureza espiritual se dá eternamente, e esta combinação é efetuada pelo Senhor Supremo, por isso, Ele é o controlador das naturezas inferior e superior. A natureza material é criada por Ele, e a natureza superior é colocada nesta natureza material, e assim acontecem todas essas atividades e manifestações.

Aquele que vê que a Superalma acompanha a alma individual em todos os corpos, e que compreende que a alma e a Superalma dentro do corpo destrutível jamais são destruídos, vê de verdade.

Todo aquele que, através da boa associação, pode ver três elementos combinados — o corpo, o proprietário do corpo (ou a alma individual) e o amigo da alma individual — tem verdadeiro conhecimento. Quem não se associa com um verdadeiro conhecedor de assuntos espirituais não pode ver estes três elementos. Aqueles que não cultivam esta associação são ignorantes; eles apenas vêem o corpo, e pensam que, quando o corpo é destruído, tudo se acaba. Mas não é esta a verdade dos fatos. Após a destruição do corpo, a alma e a Superalma continuam existindo, e elas perduram eternamente em muitíssimas outras formas móveis e imóveis. Porque a alma é o Senhor do corpo e, após a destruição do corpo, ela se transfere para outra forma. Nesse aspecto, ela é Senhor.

Aquele que vê a Superalma igualmente presente em toda a parte e em cada ser vivo, não se degrada através da mente. Assim, ele se aproxima do destino transcendental.

 A entidade viva, ao aceitar sua existência material, situou-se numa posição que não é igual à sua existência espiritual. Mas se alguém entende que, sob Sua manifestação da Superalma, o Supremo está situado em toda a parte, isto é, se ele pode ver a presença da Suprema Personalidade de Deus em cada entidade viva, ele não se deixa arrastar por uma mentalidade destrutiva, e portanto, pouco a pouco avança em direção ao mundo Espiritual. De um modo geral, a mente está apegada a processos para o prazer dos sentidos; mas quando a mente se volta para a Superalma, avança-se em compreensão Espiritual.

Quem pode ver que todas as atividades são executadas pelo corpo, que é uma criação da natureza material, e vê que o eu nada faz, vê de verdade.

Este corpo é feito pela natureza material sob a direção da Superalma, e ninguém causa as atividades que acontecem com relação ao seu corpo. Tudo o que se faz, seja por felicidade, seja por sofrimento, ele o faz devido à sua constituição corpórea. O eu, porém, está alheio a todas estas atividades corpóreas. Recebe-se este corpo de acordo com os desejos passados. Recebe-se um corpo e, agindo em harmonia com sua constituição física, procura-se satisfazer os desejos. Falando de maneira prática, o corpo é uma máquina projetada pelo Senhor Supremo que serve para satisfazer desejos. Devido a estes desejos, a pessoa passa por circunstâncias difíceis, ora sofrendo ora desfrutando. Quando desenvolve esta visão transcendental, a entidade viva não se identifica com as atividades corpóreas. Quem tem essa visão é um verdadeiro vidente.

Quando um homem sensato deixa de ver as diferentes identidades consequentes a diferentes corpos materiais, e vê como os seres se expandem por toda a parte, ele alcança a concepção do Espirito Supremo.

 Quando alguém pode ver que os vários corpos das entidades vivas surgem devido aos diferentes desejos da alma individual e não pertencem de fato à alma em si, ele vê de verdade. Na concepção de vida material, achamos que alguém é um semideus, um ser humano, um cachorro, um gato, etc. Esta visão é material, mas não é a visão real. Esta diferenciação material deve-se a uma concepção de vida material. Após a destruição do corpo material, a alma espiritual é a mesma. A alma Espiritual, devido ao contato com a natureza material, adquire diferentes tipos de corpos. Quando alguém pode ver isto, atinge a visão Espiritual; libertando-se assim de diferenciações, tais como homem, animal, grande, baixo, etc., ele purifica sua consciência e, em sua identidade Espiritual, capacita-se a desenvolver a consciência de Krishna.

Aqueles com a visão da eternidade podem ver que a alma imperecível é transcendental, eterna, e situada além dos modos da natureza. Apesar do contato com o corpo material, a alma nada faz nem se enreda.

Tem-se a impressão de que a entidade viva nasce porque o corpo material está sujeito ao nascimento, mas na verdade a entidade viva é eterna; ela não nasce, e apesar de estar num corpo material, ela é transcendental e eterna. Logo, não pode ser destruída e, por natureza, é plena de bem-aventurança. Ela não se ocupa em nenhuma atividade material; por isso, as atividades executadas devido a seu contato com os corpos materiais não a deixam enredada.

O céu, devido à sua natureza sutil, não se mistura com nada, embora seja onipenetrante. De modo semelhante, a alma situada na visão do Espirito Supremo não se identifica com o corpo, embora esteja no corpo.

O ar entra na água, na lama, no excremento e em tudo o mais que houver; mesmo assim, ele não se mistura com nada. Da mesma forma, a entidade viva, embora situada em muitas variedades de corpos, está à parte deles devido à sua natureza sutil. Por isso, com os olhos materiais é impossível ver como a entidade viva está em contato com este corpo e como sai dele depois de sua destruição. Ciência alguma pode averiguar isso.

Assim como o Sol ilumina sozinho todo este Universo, do mesmo modo, a entidade viva, sozinha dentro do corpo, ilumina o corpo inteiro através da consciência.

Há várias teorias sobre a consciência. Aqui Krishna a Suprema Personalidade de Deus, dá o exemplo do Sol e do brilho do sol. Assim como o Sol está situado num único lugar mas ilumina o Universo inteiro, do mesmo modo, uma pequena partícula de alma espiritual, embora situada no coração deste corpo, ilumina todo o corpo através da consciência. Logo, a consciência é uma prova da presença da alma, assim como o brilho do sol ou a luz é a prova da presença do Sol. Quando a alma está presente no corpo, há consciência por todo o corpo, e logo que a alma abandona o corpo, deixa de haver consciência. Qualquer homem inteligente pode entender isto com facilidade. Portanto, a consciência não é um produto das combinações da matéria. É uma característica da entidade viva. A consciência da entidade viva, embora qualitativamente igual à consciência suprema, não é suprema, porque a consciência de um determinado corpo não age noutro corpo. Mas a Superalma, que está situado em todos os corpos como o amigo da alma individual, é consciente de todos os corpos. Esta é a diferença entre a consciência suprema e a consciência individual.

E assim que com os olhos do conhecimento vêem a diferença entre o corpo e o conhecedor do corpo, e podem também compreender o processo que consiste em libertar-se do cativeiro da natureza material, alcançam a meta Suprema.

Com isso Krishna a Suprema Pessoa diz que se deve saber a distinção entre o corpo, o dono do corpo e a Superalma. Deve-se reconhecer o processo de liberação. Então, a pessoa pode dirigir-se ao destino Supremo.

A pessoa fiel que quer ouvir sobre Deus deve primeiro procurar uma boa associação e assim aos poucos se iluminar. Se alguém aceita um mestre espiritual, pode aprender a distinguir entre matéria e espírito, e isto se torna o ponto de partida para uma melhor compreensão espiritual. O mestre espiritual, através de várias instruções, ensina seus alunos a livrarem-se do conceito de vida material. No Bhagavad-Gita verifica-se que Krishna instrui seu discípulo para libertá-lo dos ideais materialistas. 

Pode-se compreender que este corpo é matéria; podem-se analisar seus vinte e quatro elementos. O corpo é a manifestação grosseira. E a manifestação sutil é a mente e os efeitos psicológicos. E os sintomas de vida são as interações dessas características. Mas acima de tudo isso, está a alma e também a Superalma. A alma e a Superalma são dois seres diferentes. Este mundo material funciona pela união da alma com os vinte e quatro elementos materiais. Aquele que pode ver a constituição de toda a manifestação material como uma combinação da alma com os elementos materiais, e que também pode ver a posição da Alma Suprema, qualifica-se para transferir-se para o mundo espiritual. Tais coisas prestam-se à contemplação e à percepção, e com a ajuda do mestre espiritual deve-se ter uma completa compreensão de tudo que foi explicado aqui por Krishna a Suprema Personalidade de Deus.


publicado por Lalanesha Dasa às 19:23

Fevereiro 22 2013

Krishna a Suprema Personalidade de Deus diz:

Para mostrar misericórdia especial, Eu, residindo no coração de todos, destruo com a luz brilhante do conhecimento a escuridão nascida da ignorância.

Mesmo que uma pessoa não consiga tirar proveito dos ensinamentos de Krishna ou de seu mestre espiritual, se ele é sincero em seu serviço devocional, o próprio Krishna o ajuda dentro de seu coração. Assim, a pessoa sincera ocupada em consciência de Krishna não pode estar sem conhecimento. O único requisito é que se execute serviço devocional com plena consciência de Krishna.

Às vezes, filósofos ateístas criticam os devotos porque pensam que a maioria dos devotos estão na escuridão da ignorância e são filosoficamente sentimentalistas ingênuos.

Mas esta não é a verdade dos fatos. 

O Senhor Supremo lhes dá então esta resposta: aqueles que se ocupam em serviço devocional puro, embora não tenham instrução suficiente e nem mesmo conheçam suficientemente os princípios védicos, são, no entanto, ajudados pelo Deus Supremo.

O Senhor diz que basicamente não há possibilidade de compreender a Verdade Suprema-a Verdade Absoluta ou a Suprema Personalidade de Deus-por meio da simples especulação, pois a Verdade Suprema é tão grande que não é possível compreendê-lO ou alcançá-lO com simples esforços mentais. Mesmo que continue especulando por vários milhões de anos, se a pessoa não é devotada, se ela não ama a Verdade Suprema, jamais compreenderá Krishna, ou a Verdade Suprema. É só através do serviço devocional que a Verdade Suprema, Krishna, fica satisfeito, e por Sua energia inconcebível, Ele pode revelar-Se ao coração de uma pessoa sincera e pura. Uma pessoa sincera e pura sempre tem Krishna em seu coração; e com a presença de Krishna, que é como o Sol, a escuridão da ignorância se dissipa de imediato. Esta é a misericórdia especial que Krishna concede a tal pessoa sincera.

Devido à contaminação decorrente da associação material, através de muitos e muitos milhões de nascimentos, o coração está sempre coberto pela poeira do materialismo, mas quando uma pessoa se ocupa em serviço devocional e canta constantemente Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare - Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare, a poeira logo desaparece, e a pessoa eleva-se à plataforma de conhecimento puro. A meta última, Deus ou Krishna, só pode ser alcançada por intermédio deste cantar e por meio do serviço devocional, e não através da especulação mental ou de argumentos. A pessoa não deve se preocupar com as necessidades da vida material; ela não precisa ficar ansiosa, porque, quando ela remove a escuridão do seu coração, tudo é provido automaticamente pelo Senhor Supremo, que fica satisfeito com o serviço devocional amoroso prestado pela pessoa sincera. Esta é a essência dos ensinamentos do Bhagavad-Gita. Estudando o Bhagavad-Gita, é possível ser uma alma inteiramente rendida ao Senhor Supremo e ocupar-se em serviço devocional puro. À medida que o Senhor Se encarrega da pessoa sincera que busca a devoção pura, esta se livra por completo de todas as espécies de empreendimentos materialistas.




publicado por Lalanesha Dasa às 17:53

Fevereiro 21 2013

O modo de vida materialista é sempre amedrontador porque, a cada passo existe perigo. Porem Krishna a Suprema Personalidade de Deus nos da sua misericórdia quando diz: Aquele que não põe ninguém em dificuldades e a quem ninguém perturba, que é equânime na felicidade e na aflição, no medo e na ansiedade, Me é muito querido. 

Portanto, enquanto está na existência material, alguém que tenha plena competência de distinguir o certo do errado deve esforçar-se para alcançar a meta mais elevada da vida, aproveitando enquanto se esta num corpo forte e vigoroso, que ainda não esteja sob os efeitos da velhicê.

Por falta de consciência de Deus, uma pessoa é colocada na existência material, sendo perpetuamente assolada pelo nascimento, morte, velhicê e doença. E com isso ela fica constantemente cheia de ansiedades.

Afirma-se que mesmo uma pessoa esteja numa situação de vida superior ou inferior, decerto cairá de seu status social se não tiver ou cultivar a consciência de Deus. Portanto, há um principio segundo o qual o homem ou o ser humano sensato vive temeroso de cair de sua posição ilustre de status social. Alguém pode alcançar a meta mais elevada da vida enquanto o seu corpo estiver forte e robusto. Portanto, devemos viver de modo tal que sempre mantenhamos a mente e a inteligência fortes e saudáveis para que possamos distinguir entre a meta da vida cheia de problemas. O ser humano prudente deve adotar este procedimento, aprendendo a discernir o certo do errado, e então alcançar a meta da vida.

Como Krishna diz no Bhagavad-Gita que: Estando livres do apego, do medo e da ira, estando plenamente absortas em Mim e refugiando-se em Mim, muitas e muitas pessoas no passado purificaram-se através do conhecimento a Meu respeito — e com isso todas alcançaram amor transcendental por Mim.

Por certo é dificílimo para uma pessoa muito afectada pela matéria compreender a natureza pessoal da Suprema Verdade Absoluta. De um modo geral, as pessoas que estão apegadas à concepção de vida corpórea vivem tão absortas no materialismo que lhes é quase impossível compreender como o Supremo pode ser uma pessoa. Tais materialistas nem mesmo podem imaginar que exista um corpo transcendental, imperecível, pleno de conhecimento e eternamente bem-aventurado. No conceito materialista o corpo é perecível, cheio de ignorância e completamente miserável. Portanto, as pessoas em geral têm em mente esta mesma idéia corpórea quando ouvem a respeito da forma pessoal do Senhor.  E porque estão muito absortos na vida materialista, a idéia de conservar a personalidade após libertarem-se da matéria os deixa assustados. Quando são informados de que a vida espiritual é também individual e pessoal, eles ficam com medo de voltarem a ser pessoas, e então preferem naturalmente uma espécie de fusão no vazio. Em geral, eles comparam as entidades vivas às bolhas do oceano, que se fundem no oceano. Esta é a perfeição mais elevada da existência espiritual alcançada por alguém que não cultive a personalidade individual. Este estágio de vida é cheio de temores, e é desprovido do conhecimento perfeito acerca da existência espiritual. Ademais, há muitas pessoas que não podem de modo algum compreender a existência espiritual. Atrapalhando-se com tantas teorias e com as contradições encontradas nos vários tipos de especulação filosófica, elas ficam aborrecidas e zangadas e concluem tolamente que não existe uma causa suprema e que, em última análise, tudo é vazio. Tais pessoas estão numa condição de vida doentia. Algumas estão muito apegadas materialmente e por isso não dão atenção à vida espiritual; outras querem fundir-se na causa espiritual suprema; e há aquelas que não acreditam em nada, e desiludidas, ficam aborrecidas com toda sorte de especulação espiritual. Esta última classe de homens busca refúgio em algum tipo de intoxicação, e suas alucinações psicóticas às vezes são aceitas como visão espiritual. Temos que livrar-nos de todas as três etapas do apego ao mundo material: negligência da vida espiritual; medo de uma identidade pessoal espiritual; e a concepção do vazio que surge da frustração com a vida. Para livrar-nos destas três etapas do conceito de vida material, devemos abrigar-nos completamente no Senhor e seguir as disciplinas e princípios regulativos encontrados na vida devocional, sendo guiados pelo mestre espiritual autêntico. 

Neste caso existe o preparo na ciência do serviço devocional:

“No começo, deve-se ter um desejo preliminar para a auto-realização. Com isto, o indivíduo se sentirá inclinado a associar-se com pessoas espiritualmente elevadas. Na fase seguinte, ele é iniciado pelo mestre espiritual elevado, e, sob sua instrução, o estudante neófito começa o processo do serviço devocional. Através da execução do serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele se livra de todo o apego material, alcança constância na auto-realização e adquire gosto em ouvir sobre a Personalidade de Deus Absoluta, Krishna. Este gosto continua propiciando o seu avanço, e ele então desenvolve apego à consciência de Krishna, que, ao amadurecer, manifesta-se como a fase preliminar do amor transcendental a Deus. O verdadeiro amor por Deus é definida como a mais elevada etapa de perfeição na vida.” Na fase mais elevada do Amor a Deushá uma constante ocupação no serviço transcendental amoroso ao Senhor. Então, através do processo lento do serviço devocional, sob a orientação de um mestre espiritual autêntico, será possível alcançar a fase mais elevada, livrando-se de todo o apego material, do medo em adquirir uma personalidade própria individual e espiritual, e das frustrações resultantes da filosofia do vazio. Aí então, atinge-se por fim a morada do Senhor Supremo. 

Se uma pessoa estiver situado em consciência de Krishna, então este caminho assegura sua elevação à fase da perfeição. Se não adotar este caminho da auto-realização, então, a pessoa com toda a certeza ficará sob a influência dos modos da natureza material onde a ansiedade e o medo continuara a perpetuar sua existência.

publicado por Lalanesha Dasa às 19:46

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