Aqui Krishna menciona as opções de alcançar a meta Suprema da vida entre dois processos diferentes de bhakti-yoga. O primeiro aplica-se a alguém que, por meio do amor transcendental, desenvolveu verdadeiro apego a Krishna, a Suprema Personalidade de Deus. E o outro é para alguém que não desenvolveu apego à Pessoa Suprema por meio do amor transcendental. Para esta segunda classe, há diferentes regras e regulações prescritas que uma pessoa que quer se tornar um devoto imaculado, pode então seguir e atingir a posição em que se tem apego a Krishna.
Bhakti-yoga é a purificação dos sentidos. Actualmente, na existência material, os sentidos estão sempre impuros, pois estão ocupados no gozo dos sentidos. Porém, pela prática da bhakti-yoga, estes sentidos podem purificar-se, e no estado purificado, eles podem entrar em contacto directo com o Senhor Supremo. Nesta existência material, talvez eu me ocupe no serviço a um patrão, mas não o sirva com verdadeiro amor. Eu o sirvo apenas para conseguir algum dinheiro. E tampouco o patrão tem algum amor, ele recebe meu serviço e me paga. Logo, o amor está fora de cogitação. Mas quanto à vida espiritual, o devoto deve elevar-se ao nível de amor puro. Este nível de amor pode ser conseguido através da prática do serviço devocional, executado com os sentidos actuais.
Este amor a Deus agora está latente no coração de todos, onde se manifesta de diferentes maneiras, porém, contaminado pela associação material. Por isso, o coração tem que purificar-se da associação material, e o amor natural por Krishna, que está latente, tem que ser revivido. Este é todo o processo onde se atinge o elevado conceito Espiritual de amor a Deus ou Krishna.
Para praticar os princípios reguladores que fazem parte da bhakti-yoga, uma pessoa ou o devoto deve, sob a orientação de um mestre Espiritual experiente, seguir certas regras que o conduziram a esse conceito de amor a Deus.
Se, mesmo sob a orientação de um mestre Espiritual, alguém não é capaz de praticar os princípios reguladores existentes na bhakti-yoga, ele ainda assim pode ser conduzido a esta fase de perfeição, trabalhando para o Senhor Supremo. E o que significa trabalhar para o Senhor Supremo? Significa que nenhuma pessoa deve trabalhar em nada que não esteja relacionado com Krishna, através de boas acções, da mente das palavras e obras.
E mesmo assim se, entretanto, alguém não for capaz de trabalhar nesta consciência, então, deve-se agir renunciando a todos os resultados de trabalho e procurar situar-se no eu.
Pode ser que, devido a factores sociais, familiares ou religiosos ou mesmo por outros impedimentos, a pessoa nem seja capaz de simpatizar com as actividades da consciência de Krishna. E se alguém se interessa directamente pelas actividades da consciência de Krishna, talvez surjam objecções dos membros de sua família, ou muitas outras dificuldades. Para quem tem semelhante problema, aconselha-se que sacrifique em prol de alguma boa causa aquilo que conseguiu adquirir com suas actividades. Tais procedimentos são descritos nas regras védicas. Descrevem-se vários sacrifícios e cerimónias especiais para o dia da lua cheia, ou trabalhos especiais em que se pode aplicar o resultado da acção praticada anteriormente. Assim, aos poucos pode-se adquirir conhecimento. Também consta que, quando alguém que nem sequer está interessado nas actividades da consciência de Krishna, mas dá caridade a algum hospital ou a alguma outra instituição social, ele renuncia aos resultados que arduamente conseguiu através de suas actividades. Isto também se recomenda aqui porque, praticando renúncia aos frutos de suas actividades, ele com certeza purificará sua mente de maneira gradual, e com a mente purificada, será capaz de compreender a consciência de Krishna. É claro que a consciência de Krishna não depende de nenhum outro factor, porque a própria consciência de Krishna pode purificar a mente, mas se há impedimentos para aceitar a consciência de Krishna, pode-se tentar abandonar os resultados das acções. A este respeito, serviço social, serviço comunitário, serviço à nação, sacrifício pela pátria, etc., podem ser aceitos de modo que algum dia seja possível chegar ao nível de serviço devocional puro ao Senhor Supremo.
No Bhagavad-Gita o Senhor declara, que se alguém decide sacrificar-se pela causa Suprema, mesmo que não saiba que a causa Suprema é Krishna, através do método sacrificatório, ele aos poucos passará a compreender que Krishna é a causa Suprema.
E através dessas inumeras opções de se alcançar a meta Suprema,
alguém não pode adoptar esta prática, então, que se ocupe no cultivo de conhecimento. Entretanto, melhor do que o conhecimento é a meditação, e melhor do que a meditação é a renúncia aos frutos da acção, pois, com esta renúncia, pode-se alcançar Paz de Espírito.
Como foi mencionado até aqui, há duas espécies de serviço devocional: o caminho dos princípios reguladores e o caminho de pleno apego amoroso à Suprema Personalidade de Deus. Para quem não é deveras capaz de seguir os princípios da consciência de Krishna, é melhor cultivar conhecimento, porque, pelo conhecimento, ele pode chegar a compreender sua verdadeira posição. Aos poucos, o conhecimento propiciará a prática da meditação. Pela meditação, ele pode ser capaz de compreender a Suprema Personalidade de Deus através de um processo gradual. Há processos pelos quais o transcendentalista é levado a entender que ele mesmo é o Supremo, e esta espécie de meditação é preferida se ele é incapaz de ocupar-se em serviço devocional. Se alguém não é capaz de praticar essa meditação, então, como consta na literatura védica, há deveres prescritos para os vários métodos a serem aplicados aos seres humanos. Mas em todos os casos, deve-se abandonar o resultado ou frutos do trabalho; isto é o mesmo que empregar o resultado do karma numa boa causa.
Em resumo, há dois processos para alcançar a meta mais elevada, que é a Suprema Personalidade de Deus: um processo é através do desenvolvimento gradual, e o outro é directo. O serviço devocional em consciência de Krishna é o método directo, e o outro método envolve a renúncia aos frutos das próprias actividades. Daí, então, pode-se chegar ao conhecimento, depois, à meditação, à compreensão da Superalma, e então, atingir a Suprema Personalidade de Deus. Pode-se adoptar o processo gradativo ou o caminho directo. O processo directo não é possível para todos; por isso, o processo indirecto também é bom. No entanto, deve-se entender que o processo indirecto não é recomendado para alguém que já esteja no nível de serviço devocional amoroso ao Senhor Supremo. Este processo é para os que não estão neste nível, eles devem seguir gradualmente o processo de renúncia, conhecimento, meditação e compreensão acerca da Superalma e do Espírito Supremo. Porem no Bhagavad-Gita, enfatiza-se o método directo. Todos são aconselhados a adoptar o método directo e render- se à Suprema Personalidade de Deus, Krishna.