O argumento colocado geralmente pelo homem comum é que já que o Senhor não é visível a nossos olhos, como pode haver assim alguma rendição a Ele ou mesmo prestar algum serviço transcendental amoroso? Neste sentido se dá aqui uma sugestão prática a tal homem comum em relação de como uma pessoa pode perceber o Senhor Supremo por intermédio da razão e da percepção. Na realidade, não é possível que percebamos o Senhor com os nossos sentidos materializados actuais; mas quando uma pessoa se torna devotada ao Senhor, e se convence da presença do Senhor por intermédio de uma prática de serviço prestado a Ele, dá-se uma revelação pela misericórdia do Senhor, e tal pessoa devotada ao Senhor é capaz de perceber a presença do Senhor sempre em toda parte. Ele é capaz de perceber que a inteligência é a forma-directa da porção plenária da Suprema Personalidade de Deus localizada no coração. Mesmo para o homem comum, não é difícil realizar que o Senhor localiza-se como a Super Alma presente acompanhando todo mundo. Deve-se perceber da seguinte maneira. Uma pessoa pode perceber sua auto-identificação e sentir positivamente que existe. Pode ser que ela não sinta isto muito abruptamente, mas se usar um pouco de inteligência, ela poderá sentir que não é o corpo. Ela poderá sentir que a mão, a perna, a cabeça, o cabelo e os membros são todos partes integrantes do corpo dela, mas como tal ela não poderá identificar a mão, a perna, a cabeça, etc.. como o Eu dela. Assim, se simplesmente usarmos a inteligência, podemos distinguir e separar o nosso Eu de outras coisas que vemos. Portanto, a conclusão natural é que o ser vivo, seja ele homem ou besta, é aquele que vê, além de si próprio, ele também vê todas as outras coisas. De forma que há uma diferença entre aquele que vê e o que se vê. Então, se usarmos um pouco de inteligência podemos também concordar prontamente que o ser vivo por intermédio da visão comum, vê as coisas que estão além de si próprio, e não tem poder para ver e nem para se mover independentemente. Todas as nossas acções e percepções ordinárias dependem de diversas formas de energia que a natureza nos fornece com combinações variadas. Nossos cinco sentidos perceptivos variam da seguinte maneira: (1) da audição, (2) do tato, (3) da visão, (4) do paladar e, (5) do olfato, como também os nossos cinco sentidos de ação, a saber: (1) as mãos, (2) as pernas, (3) a fala, (4) os órgãos de evacuação, e (5) os órgãos reprodutores, e também os nossos três sentidos sutis, a saber: (1) a mente (2) a inteligência e, (3) o ego ( ao todo somam-se treze sentidos- que são fornecidos a nós por intermédio de diversos arranjos de formas grosseiras ou sutis de energia natural que a própria natureza dispõe. E é igualmente evidente que os nossos objectos de percepção, nada mais são do que produtos de permutações e combinações inexauríveis das formas que a energia natural assume. Visto que, isto prova convincentemente que o ser vivo comum não tem nenhum poder independente de percepção ou de movimento, e visto que nós sentimos sem dúvida alguma, que nossa própria existência é condicionada pela energia da natureza que nos cerca, desta forma conclui-se, que aquele que vê é Espírito, e que os sentidos como também os objectos de percepção são por natureza materiais. A qualidade Espiritual daquele que vê, se manifesta através do nosso descontentamento com o estado limitado da existência materialmente condicionada. Esta é a diferença entre o Espírito e matéria. Existem alguns argumentos por parte de uns poucos inteligentes, de que a matéria desenvolve o poder de ver e de se mover como um determinado desenvolvimento orgânico, porem não se pode aceitar tal argumento porque, há não prova experimental de que a matéria tenha produzido uma entidade viva em alguma parte desta natureza material. Não se deve confiar no futuro, por mais promissor que possa ser. As conversas fiadas com respeito ao fato de que a matéria se desenvolve mais tarde em Espírito, é na realidade um grande disparate, porque jamais em época alguma houve alguma matéria que tivesse desenvolvido o poder de ver ou de se mover em alguma parte do mundo. Portanto, fica bem claro que a matéria e o espírito são duas identidades diferentes, e esta conclusão nós tiramos usando a inteligência.
Agora chega-se ao ponto em que as coisas que vemos usando um pouco que seja de inteligência, não podem se tornar animadas a menos que aceitemos alguém que faça uso da inteligência ou mesmo a oriente. A inteligência, nos orienta tal qual uma autoridade superior, e o ser vivo não pode ver e tampouco se mover comer nem fazer alguma coisa sem uso da inteligência. Quando uma pessoa não consegue tirar partido da inteligência, ela se torna uma pessoa transtornada, de modo que depende única e exclusivamente da orientação de um ser superior. Tal inteligência torna-se por completo toda penetrante. Toda a entidade viva tem sua inteligência, e com esta inteligência ela é orientada por alguma autoridade superior, esta comparação é como uma pai que orienta seu filho. A autoridade superior que esta presente em toda a manifestação da entidade viva, e que reside dentro de cada ser vivo individual, chama-se o Super-Eu.
Nesta tese de investigação, pode-se considerar a seguinte questão: muito embora por um lado compreendamos que todas as nossas percepções e actividades são condicionadas por arranjos da natureza material, por outro lado também sentimos e dizemos: "eu percebo" ou "eu faço". Logo então, podemos dizer que nossos sentidos materiais de percepção e de acção, se movem porque estamos identificando o Eu com o corpo material, e que o princípio superior do Super-Eu, está nos orientando e nos suprindo de acordo com nosso desejo. Se tirarmos partido da orientação que o Super-Eu nos fornece em forma de inteligência, poderemos continuar a estudar e a pôr em prática a conclusão a que chegamos de que "eu não sou este corpo", ou poderemos optar por permanecer nos identificando falsamente com a matéria, imaginando que somos os possuidores e os fazedores das coisas que nos cercam. Porem, nossa liberdade consiste em orientar nossos desejos quer para a ignorante concepção errónea material, quer para a concepção Espiritual verdadeira. Podemos atingir facilmente a concepção Espiritual verdadeira, se reconhecermos que o Super-Eu é nosso amigo e guia e se encaixarmos nossa inteligência superior na presença do Senhor Supremo como a Super-Alma.
O Super-Eu e o Eu individual de cada ser vivo são ambos Espirituais, e da tal modo o Super-Eu e o Eu individual do ser vivo são ambos qualitativamente idênticos à matéria e distintos dela, Porem não será possível que o Super-Eu e o Eu individual estejam no mesmo nível porque o Super-Eu orienta ou fornece inteligência, enquanto que o Eu individual do ser vivo obedece às instruções, e deste modo as acções são devidamente executadas. O Eu individual depende completamente da orientação do Super-Eu porque a cada passo o Eu individual obedece exclusivamente às instruções do Super-Eu no que se refere ao respeito de ver, ouvir, pensar, sentir, desejar etc...
Quanto ao senso comum desta sensível compreensão, chega-se à conclusão de que existem três identidades, a saber: a matéria, o Espírito, e o Super-Espírito. Agora, se nos dirigimos as fontes do conhecimento Védico através do Bhagavad-Gita ou outras escrituras autorizadas, poderemos compreender mais ainda, que todas as três identidades, a saber: a matéria, o Espírito individual do ser vivo e o Super-Espírito, dependem única e exclusivamente da Suprema Personalidade de Deus. O Super-Eu é uma representação parcial ou porção plenária da Suprema Personalidade de Deus. Poderemos verificar no Bhagavad-Gita, onde afirma-se conclusivamente que a Suprema Pessoa a Personalidade de Deus domina todo o Universo material por intermédio de Sua representação parcial. Deus é suficientemente grande, e portanto não pode ser um mero fornecedor de encomendas dos "Eus" individuais de cada ser vivo; assim. o Super-Eu não pode ser uma representação completa do Eu Supremo, a Suprema Personalidade de Deus Absoluta. O Eu individual de cada ser vivo começa sua auto-realização realizando o Super-Eu, e com o progresso de tal auto-realização ele é capaz de realizar a Suprema Personalidade de Deus com a inteligência, com a ajuda de escrituras autorizadas e, sobretudo, pela graça do Senhor presente no coração do ser vivo. O Bhagavad-Gita nos ensina a concepção preliminar de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, enquanto outras fontes do conhecimento Védico tal qual o Shrimad-Bhagavatam, é a explicação suplementar da ciência de Deus. Portanto, se nos mantermos fiéis em nossa busca Espiritual com determinação e orarmos pela misericórdia do director da inteligência que esta situado dentro da mesma árvore de nosso corpo, certamente o significado das informações que estão mantidas nas escrituras sagradas dos Vedas torna-se-ão claras diante de nossa visão, e então não mais teremos dificuldades em realizar a Suprema Personalidade de Deus, Krishna. Toda aquela pessoa inteligente que após muitos nascimentos vem usando a inteligência de tal modo em compreender sua verdadeira identidade Espiritual, rende-se aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus Krishna como se confirma no Bhagavad-Gita capitulo 7 verso 19 onde Krihsna mesmo diz:
Após muitos nascimentos e mortes, aquele que tem verdadeiro conhecimento rende-se a Mim, sabendo que sou a causa de todas as causas e de tudo o que existe. É muito raro encontrar semelhante grande alma.